Como Melhorar a Sua Pontuação no Teste de QI
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Como Melhorar a Sua Pontuação no Teste de QI
As Pontuações dos Testes de QI São Fixas – Uma Perspetiva Antiquada
Existem muitas aplicações e websites de treino mental, incluindo o Lumosity, os quais afirmam serem capazes de treinar o seu cérebro e melhorar potencialmente o seu QI. Se quer saber como pode aumentar o QI, é possível que tenha consultado outro dos artigos deste site – O QI é importante? E programas como o Lumosity funcionam?
Um QI elevado é algo valioso com imensas vantagens, incluindo felicidade geral, saúde e benefícios económicos. Não surpreendente, portanto, que a questão sobre a importância do QI tem sido fundamental, do ponto de visto teórico e prático. Será que a capacidade cognitiva humana, a qual permite a aprendizagem, a memória, o pensamento e o desempenho, pode ser melhorada nos adultos?
Antigamente, julgava-se que a combinação entre genética e fatores ambientais nos primeiros anos de vida determinava a capacidade cognitiva e o nível de inteligência de um indivíduo para toda a vida. Como referido nas seções do nosso site Definição de Inteligência e O QI é importante?, os quocientes de inteligência (QI) padronizados atuam como preditor para o desempenho individual num vasto conjunto de tarefas cognitivas, assim como em conquistas na vida profissional e, por isso, as pontuações de QI são utilizadas como medida das capacidades cognitivas de um indivíduo.
Os primeiros estudos mostraram que as pontuações de QI medidas na infância correlacionam-se fortemente com as pontuações de QI testadas no final da idade adulta. Um estudo longitudinal baseado nos Scottish Mental Surveys mostrou uma correlação de pontuação de 0.77 no teste de QI entre os 11 e 77 anos. [1]
Estas conclusões sugerem que a principal variação das capacidades cognitivas gerais entre os indivíduos é determinada pelos anos finais da infância ou início da adolescência. A correlação mostrou-se particularmente forte para a inteligência fluida em comparação com a inteligência cristalizada. Isto acontece porque as pontuações que testam a inteligência cristalizada podem ser melhoradas através, por exemplo, do treino vocabular. Os resultados também sublinham a natureza fixa da inteligência fluida. [2][3]
As Pontuações no Teste de QI Podem Ser Melhoradas Através de Exercícios para a Memória Operacional
Os resultados preliminares indicam que o treino da memória operacional em adultos pode aumentar o QI
Nos tempos recentes, surgiram evidências indicando alguma plasticidade no QI e nas suas bases neuronais. As pontuações de QI em termos verbais e de desempenho têm mostrado particularmente uma flutuação na adolescência e não indicam estaticismo. [5]
Em 2008, Jaeggi e os seus colegam publicaram resultados revolucionários, referindo que a inteligência fluida em adultos e o QI podem ser reforçados através de um programa específico de treino cognitivo. [6] No estudo, jovens adultos efetuaram diariamente exercícios para a memória operacional durante cerca de 25 minutos num período máximo de 19 dias. O método de treino usado foi o jogo “Dual-N-Back”.
No jogo Dual N-Back, um participante escuta palavras e vê localizações espaciais de forma consecutiva. O desafio passa por responder sempre que um estímulo apresentado é idêntico ao estímulo mostrado numa tentativa anterior. Por exemplo, no jogo dual 2-back, os participantes respondem quando a localização espacial atual ou o estímulo auditivo coincidem com os 2 das tentativas anteriores. O Lumosity e semelhantes são jogos deste tipo.
O treino melhorou rapidamente o desempenho na tarefa relacionada com a memória operacional, mas também aumentou a inteligência fluida pós-treino (o estudo concentrou-se na inteligência fluida – não foi testada a pontuação de QI). Contudo, isto parece indicar uma forma de aumentar o QI.
Esta foi a primeira vez que uma capacidade aprendida foi provada como sendo capaz de fazer crescer a inteligência fluida (prevendo um aumento de QI), já que o QI e a inteligência fluida eram anteriormente encarados como estáticos. A melhoria da inteligência fluida mostrou-se proporcional ao tempo de treino. Tendo em conta que uma inteligência fluida superior significa um QI superior com desempenho superior em muitas tarefas cognitivas, estas descobertas abriram possibilidades surpreendentes.
A imagem abaixo mostra o ganho de desempenho no WME através de sessões de treino, num estudo no qual os resultados de ganho de inteligência fluida de Jaeggi et al. não puderam ser replicados. [7]
As pontuações no teste de QI podem ser aumentadas ao treinar a memória operacional
Uma meta-análise de 2014 confirma os resultados
Desde 2008, têm sido muitos os estudos encetados para descobrir a eficácia do treino da memória operacional e do treino do controlo de atenção na inteligência fluida e no QI. Alguns dos estudos não conseguiram consubstanciar os efeitos positivos de Jaeggi et al., e o conceito de treino de memória operacional foi alvo de algum ceticismo.
As meta-análises facultam os dados mais fiáveis e a evidência científica de grau mais elevado, pois combinam os resultados de vários estudos anteriores. Uma meta-análise em 2014 focada no treino n-back e na inteligência fluida enquanto medida de resultado encontrou um efeito positivo significativo do treino da memória operacional na inteligência fluida. [8]
Estas meta-análises incluíram estudos com um grupo de controlo e participantes saudáveis com idades compreendidas entre os 18 e 50 anos. No total, 20 estudos satisfizeram os critérios de inclusão. Constatou-se que o treino n-back tem um efeito líquido estatisticamente significativo na inteligência fluida, o que equivale a 3-4 pontos num teste de QI padronizado. Curiosamente, o efeito líquido positivo pode ser ainda mais significativo, de acordo com a concussão dos investigadores:
“Analisandos conjuntamente, esperamos que os resultados referidos nesta meta-análise representem uma estimativa por baixo da verdadeira extensão da melhoria que o treino n-back pode ter nos valores da Gf.”
O treino da memória operacional na infância melhora o QI
Tendo em consideração que o treino da memória operacional provou ser eficaz no aumento do QI em adultos, surgiu o interesse em utilizar o mesmo método na infância, que é uma fase de rápido desenvolvimento em vários aspetos.
Um estudo virado para o treino -back com participantes em idade pré-escolar, no qual o grupo de intervenção foi submetido a um programa n-back de 14 dias, mostrou que o grupo de intervenção superou o grupo de controlo em testes de inteligência fluida durante um período de acompanhamento de 12 meses. Os resultados indicam que intervenções breves nos primeiros anos de vida podem melhorar de forma permanente a inteligência fluida e também o desempenho em testes de QI padronizados. [9]
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Referências:
[1] Deary IJ, Whalley LJ, Lemmon H, Crawford J, Starr JM (2000) The Stability of Individual Differences in Mental Ability from Childhood to Old Age: Follow-up of the 1932 Scottish Mental Survey. Intelligence 28: 49–55. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0160289699000318
[2] Neisser U, Boodoo G, Bouchard TJ Jr, Boykin AW, Brody N, et al. (1996) Intelligence: Knowns and unknowns. Am Psychol 51: 77–101
[3] Nisbett RE, Aronson J, Blair C, Dickens W, Flynn J, et al. (2012) Intelligence: new findings and theoretical developments. Am Psychol 67: 130–159.
[4] Ramsden S, Richardson FM, Josse G, Thomas MSC, Ellis C, et al. (2011) Verbal and non-verbal intelligence changes in the teenage brain. Nature 479: 113–116.
[6] Jaeggi SM, Buschkuehl M, Jonides J, Perrig WJ (2008) Improving fluid intelligence with training on working memory. Proc Natl Acad Sci U S A 105: 6829–6833.
[7] Thompson, Todd W., et al. “Failure of Working Memory Training to Enhance Cognition or Intelligence.” PLoS ONE, vol. 8, no. 5, 2013, doi:10.1371/journal.pone.0063614. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0063614#pone.0063614-Jaeggi1
[8] Au, Jacky, et al. “Improving Fluid Intelligence with Training on Working Memory: a Meta-Analysis.” Psychonomic Bulletin & Review, vol. 22, no. 2, 2014, pp. 366–377., doi:10.3758/s13423-014-0699-x. https://scottbarrykaufman.com/wp-content/uploads/2014/08/au-et-al2014_nback-training-gf-meta-analysis.pdf
[9] Peng, Jun, et al. “The Effects of Working Memory Training on Improving Fluid Intelligence of Children during Early Childhood.” Cognitive Development, vol. 43, 2017, pp. 224–234., doi:10.1016/j.cogdev.2017.05.006. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0885201417301272